terça-feira, 11 de setembro de 2007

Francisco Morrison em: 11 de setembro, péssimo aniversário

Enquanto a França, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha Ocidental, Itália e Países Baixos assinavam o tratado de Roma em 1957, ao fundar a Comunidade Européia, a União Soviética fazia o lançamento do primeiro satélite ao espaço, o Sputnik 1. Em seguida, um outro satélite seria lançado, mas agora com a Laika, a cadela que se tornou o primeiro ser vivo a desbravar o espaço no Sputnik 2. Começava ali a revolução tecnológica espacial que daria outros horizontes a corrida armamentista no mundo.

Também neste mesmo ano, acontecia um fato histórico sem muita importância na época, numa cidade sem muita expressão chamada Riad, na Arábia Saudita, que mudaria o mundo e de certa forma os rumos da minha vida.

Nascia naquele ano, aquele que se tornaria o homem mais procurado do mundo no início do século XXI, o filho de um dos maiores empresários do planeta e empreendedor do setor da construção civil no oriente médio, o magnata Mahammed Bin Oud Bin Laden. Mas agora não é hora de contar a história dele, começarei pelo dia 11 de setembro de 2001, quando as pessoas acordaram estupefatas, principalmente os nova-iorquinos, que viram de perto as duas torres gêmeas irem ao chão após o choque de duas aeronaves com passageiros civis.

Era uma manhã normal igual a todas as outras, sempre a mesma merda. Peguei um puto de um engarrafamento que me rendeu um sapo e o desconto do período matutino. Pensei em me ausentar da empresa na parte da manhã, mas o escroto do meu chefe ficaria mais puto ainda; então preferi ficar de bobeira até a hora do almoço.

Peguei o jornal e conferi o anúncio que tinha feito do meu carro. Ia vendê-lo para conseguir uma grana e viajar à Espanha e dinamizar os meus conhecimentos da língua espanhola. Mirei os olhos atentamente ao periódico e lá estava ele, o anúncio do meu carro. Olhei-o com certa tristeza, mas a contemplação da viagem confortava a minha angústia.

Enquanto isso, num outro lugar, dois sujeitos entravam nos Estados Unidos pelo Canadá. Desceram no Maine - aeroporto canadense - e quase foram detidos como suspeitos.


- Qual o nome de vocês coisinhas? Perguntou o funcionário do aeroporto.

- Marwan al-Shehhi e Mohame Atta.

- Hum... o que faz um egípcio e um árabe aqui no ocidente?

- Estamos fazendo um curso de pilotagem de avião.

- Hum... sei... só um momento que eu tenho que fazer uns contatos...

- E agora Shehhi, o que fazemos?

- Vamos dar o fora daqui.


No momento em que o funcionário se retirou os dois conseguiram fugir.


- Vamos tomar um drink e relaxar até a hora certa Atta.


Os dois foram a um bar e falaram sobre como seria o atentado e também de memórias de guerras.

- Escute bem, seguimos a rota original até chegarmos perto do alvo para não chamarmos à atenção das torres de comando. Se não sairmos da rota, os radares e os sistemas de localização por satélites não desconfiarão de nada. Veja bem! Quando estivermos na altitude de atingirmos as torres, devemos estar com velocidade em cerca de 500 quilômetros por hora, se não as asas do avião serão arrancadas pela densidade do ar, que é mais intensa perto do solo.

- Certo! Entendi tudo. Ei... ei... garçonete duas bebidas.

- O que vai ser?

- Vodka e um Rum.

- Sim Sr.!

- Você se lembra Shehhi, em 98 quando os grupos ligados ao homem'' fizeram um manifesto chamado Frente Islâmica Internacional?

-Como poderia me esquecer da Guerra Santa contra os judeus e cristãos. Que Alá ilumine a minha memória.

- E na Jihad, Guerra Santa nos anos 80 que o “homem” liderava um grupo de voluntários sauditas que foram ajudar os muyahedins que lutavam contra os soviéticos.

- É... aqueles eram outros tempos. Naquela época, os Yankes financiavam agente, agora estamos contra eles. Mas Alá sabe o que faz. O exército vermelho podia nos dar uma forcinha não?

- E quem te disse que não? Depois da guerra do Golfo em 91, passamos a receber ajuda financeira de vários países e comunidades islâmicas no mundo e deles também.

- É... se estamos aqui Atta é graças ao fundador e líder da Al Qaeda, um brinde a ele, viva Bin Laden!

Ao saírem do bar, os dois embriagados, ainda discutiram com a garçonete por causa do valor da conta.

- Alto estão vocês, disse ela.

Enquanto isso, do outro lado do hemisfério, aqui em Brasília, eu com a vista no jornal e pensando na viagem a Espanha...

- Com a grana do carro me mando pra lá e sustento-me por alguns meses até arrumar um emprego de... sei lá, qualquer coisa, camarero pode ser. Eu não vejo a hora de vender esse carro. Mas mal sabia eu, que o carro terminaria nas mãos de outros terroristas.

Atta alugou uma perua e depois a abandonou com vários manuais de instruções de vôo escritos em árabe. Horas mais tarde lá estava ele e seu primo Shehhi pilotando os Boeings 767 do vôo 11 da American Airlines e o Boeing 767 do vôo 175 da United Airlines. Aproveitando o ensejo e para que o leitor compreenda o principal motivo (eu disse o principal) e o porquê dos atentados, Bin Laden sempre foi um excelente malabarista nas manobras de mercado nas principais bolsas de valores do mundo, e existiam apostas baseadas na queda das ações destas empresas de aviação. Uma operação chamada Short Selling, e que concretizada proporcionaria lucros milionários aos investidores que fariam uma das apostas mais perfeitas do mundo.

- Câmbio, câmbio, Atta...

- Sim, câmbio Shehhi...

- Atta, a torre norte é todinha sua. Siga em frente.

- Ok! Pode deixar. E ai, como está?

- Todos os 92 passageiros foram contidos, estamos seguindo para a torre sul. Nos encontramos nos portões de Alá.

- Que Alá nos proteja Shehhi, que Alá nos proteja!

Às 8h48 o primeiro avião chocou-se com a primeira torre e às 9h03 foi a vez do segundo. Minutos depois, o mundo inteiro estava voltado às tvs, presenciando boquiabertos o fato histórico que impulsionaria as mudanças imediatas do século XXI naquele ano.

“Os Estados unidos vencerão a monumental batalha do bem contra o mal”, prometeu o presidente. Dito e feito. A batalha havia sido ganha. A Al-Qaeda e seu regime Taleban foram banidos do poder no Afeganistão, que foi bombardeado e milhares de inocentes civis que viviam e ainda vivem como na idade média e nada tinham a ver com os atentados do maldito dia 11 de setembro foram mortos.

Quanto a mim, tive o carro furtado neste mesmo dia pelo terrorismo latino urbano que remete a violência como modo de vida, de subsistência e também como ideologia cômoda de canalhas metidos a mais esperto que os outros. Os planos de ir à Espanha foram cancelados e até hoje ainda não consegui encontrar o carro nem juntar uma boa grana, mas a luta e a procura continuam e a guerra terrorista também.

Bsb DF, 10.09.2002